The Lurker e o retorno ao Rio de Janeiro - Parte I (ou a viagem gastronômica de Gulliver)
Esta viagem ao Rio necessitará ser contada em partes. Desta vez tratava-se do IX Seminário de Estatística Aplicada, promovido pelo IASI - Instituto Interamericano de Estatística. Trata-se de uma das mais prestigiosas instituições do campo e o evento contou com a participação de gente de peso, tanto nacional quanto internacional. Como experiência acadêmica foi um episódio excelente: tornei a encontrar diversos técnicos que conheci de tempos passados e fiz novos contatos que, num futuro nada distante, poder?o render trabalhos interessantes. Mas deixemos este papo para mais adiante.
Continuo, como de hábito, buscando lugares interessantes para o repasto vespertino, o qual deve forçosamente ser partilhado como uma companhia inteligente e agradável. Tenho tido muita sorte no Rio quanto a este aspecto. Além do Antiquarius, agora janta-se também no Gero (pronuncia-se djêro). Filhote de seu contraparte, o Fasano, de São Paulo, o Gero possui uma cozinha de excelente qualidade. As massas, pães e outros farináceos são produzidos pelo próprio estabelecimento e servidos frescos. A adega é bem suprida, seu sommelier é instrutivo sem ser intrusivo. Conhece o ramo e seu trabalho. O vinho da noite foi um italiano da região da Úmbria. Confesso minha ignorância: desconhecia que eles produzissem vinho de qualidade por lá. O que nos foi servido era denso e evoluiu muito bem em sua hora de vida, reproduzindo desde especiarias em seu início a frutas vermelhas em seu final. Se eu pelo menos me lembrasse o nome.... Ah sim, as massas al dente estavam excepcionais.
Meu par para a noite tem um hábito peculiar: julga a qualidade do restaurante (italiano) pelo padrão de seu Fetuccine Alfredo, o qual não deve ser feito com creme, (note bem – eu também ignorava). Parece-me um jeito sencillo, como diriam os espanhóis, de se estabelecer uma escala de qualidade, dado que sempre se compara algo com um padrão. Segundo a análise, desta vez o Alfredo estava “to die for”. Não falo do Alfredo, mas posso falar do Talharim aos Quatro Fromaggios, que estava igualmente excepcional. A sobremesa foi um Gateau de chocolate com limão extremamente interessante. O detalhe, que oferece dezenas de pontos na escala São Paulo de atendimento, está em que nada disso consta do cardápio: além de possuírem alta qualidade profissional, os membros da equipe do Gero mostraram versatilidade.
O Antiquarius continua o mesmo. Recomendo, como de hábito, o Filé ao Roquefort. Segundo a crônica, o Camarão (como a anos não vejo daquele tamanho) empanado e recheado com catupiry, também estava à altura do restaurante. A má notícia é que eles saíram da associação da boa lembrança. Ou seja, pessoal, se você tem um prato deles, cuide com carinho, que agora é peça de coleção... Eu tenho o meu, Bacalhau Nunca Chega, adquirido em 2000, continua em perfeito estado... feliz de quem tem o Arroz de Codornizes, que é mais antigo ainda e foi o prato deles por muitos anos... :-)
Em tempo: as "celebridades" da noite ficaram por conta de Agildo Ribeiro (fumando um havana fedorentíssimo) e do Edney Silvestre na mesa do lado.
De passagem por Ipanema, fui igualmente ao Porcão, visitar meu amigo e sommelier da casa, Nibelto (não, eu não seleciono meus amigos pelo nome... :-). Foi uma visita muito interessante, por todo o cuidado e surpresa dele ao me encontrar. Principalmente porque me anunciei como policial civil ao pessoal da recepção... Precisava ver a cara do pobre rapaz quando foi chamá-lo. O resto foi festa e meia hora de discussão sobre vinhos. Detalhe – apesar de interessante, a adega de Ipanema não vale o cadarço da de Brasília e ele sabe disso, pois já trabalhou aqui. De qualquer maneira, mais um estabelecimento com o padrão Porcão de qualidade.
The Lurker Says: One cannot think well, love well, sleep well, if one has not dined well. (Virginia Woolf (1882-1941).
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